Desde que sofreu uma série de ataques hacker em seus sistemas na madrugada da última sexta-feira (10), o Ministério da Saúde não conseguiu solucionar o apagão de dados sobre a Covid-19 causado pela invasão.
A derrubada das plataformas da pasta afetou, por exemplo, a emissão do comprovante de imunização contra o coronavírus por meio do aplicativo ConecteSUS. A função permanecia indisponível até a noite desta quinta-feira (16/12).
A discussão sobre a exigência do comprovante de vacinação estava no meio de um furacão de polêmicas entre autoridades quando o ataque ocorreu. Alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o documento passou a ser obrigatório para viajantes que chegam ao Brasil após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso.
O ataque hacker também impossibilitou o registro do avanço da campanha de imunização no país. Na quinta-feira (16), 14 estados não disponibilizaram dados sobre doses de vacinas aplicadas. O país, que estava imunizando mais de 1,2 milhão de pessoas por dia, passou a contabilizar uma média de 900 mil após a invasão. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa* e foram analisados pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles.
Além de informações sobre vacinação, dados que permitiam o monitoramento da pandemia também foram impactados. Fazem 7 dias que estados de todo o país enfrentam dificuldades para exportar o total de novo contaminados e mortos em decorrência do coronavírus. O represamento de informações acaba diminuindo os números da pandemia de maneira superficial, com indicadores apresentando médias de mortes muito mais baixas do que a realidade.
Também nesta quinta, o indicador que demonstra como está a situação das mortes no país caiu -34,9%, segundo cálculos realizados pelo (M)Dados, núcleo de análise de grande volume de informações do Metrópoles, com base no balanço divulgado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Ocorre que seis estados, dentre eles São Paulo, tiveram indisponibilidades nos sistemas de informação e não liberaram os dados sobre a situação da Covid-19 – o que fez o indicador despencar e ficar descolado da realidade.
Outra informação que não está mais acessível ao público diz respeito a outro vírus, o da Influenza, que vem causando um surto em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Bahia.
A falta de dados ainda afeta diretamente o InfoGripe, sistema de monitoramento de dados sobre síndrome respiratória aguda grave no Brasil, mantido pela Fiocruz. Em nota divulgada recentemente, a instituição afirmou que, após o ataque recente ao sistema do Ministério da Saúde, não é possível acompanhar os resultados laboratoriais sobre o vírus relativos a novembro nem registros de meses anteriores.
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