Polvo do Humor pode ajudar a trabalhar sentimentos

Para muita gente, falar das emoções nem sempre é fácil. Quando se trata dos pequenos, que ainda estão amadurecendo sua forma de ver o mundo, os sentimentos também ainda não são claros, e verbalizar isso é um desafio ainda maior. Por isso envolver o universo lúdico nesse processo é uma forma de mostrar para as crianças que nos importamos com elas. Se os coloridos dos poppets (ou pop its) estão fazendo sucesso com a garotada, com a promessa de ajudar na concentração e controle de ansiedade, outra moda que promete fazer a diferença nesse aspecto é o polvo do humor, como ficou conhecida a pelúcia que caiu nas graças de crianças e adolescentes de todo o mundo.

A microempreendedora Leide Souza conta que a filha Ana Clara, 8, já garantiu várias miniaturas do polvo do humor. Agora, ela espera ganhar a pantufa da pelúcia que tanto queria. “Desde que surgiu essa moda do polvo, ela me pedia para ter um. Eu disse que compraria no dia do aniversário dela, que foi em agosto, mas a tia dela fez uma surpresa e foi quem deu o brinquedo para Ana Clara há duas semanas”, conta a mãe. A menina, claro, é só alegria com o brinquedo que tanto queria.

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“Eu gosto muito do polvo, porque ele pode ficar feliz ou triste. Gosto de brincar com todos eles e, desde que ganhei, fico pulando de alegria”, diz a menina do 2º ano do ensino fundamental, que tem o polvo em três versões: grande, médio e ainda em forma de chaveiro.

AJUDA

Radiante, Ana Gabriela Marinho da Costa, de 9 anos, prefere brincar ao ar livre e com os amiguinhos, mas confessa que estava ansiosa para também ganhar o polvinho. “Gosto de estar com os meus amigos e de brincar com as minhas primas, mas eu amo o polvo, ele é um dos meus brinquedos preferidos. Geralmente, quando estou triste ou feliz - a maioria das vezes feliz - eu coloco o polvo próximo da minha mãe, para ela ver se eu estou triste ou não, porque não consigo dizer pra ela o que estou sentindo”, diz Ana Gabriela, que assim como Ana Clara também foi presenteada pela tia.

“O polvo das emoções é um brinquedo de pelúcia com duas faces que possibilita - de forma lúdica - trabalhar sentimentos. Se usado de forma dinâmica, pode até mesmo favorecer uma tomada de consciência de si mesmo, de suas intolerâncias, alegrias, mágoas, desejos, etc., buscando identificá-los, bem como ter a possibilidade de aprender a lidar com eles”, explica a pedagoga Kelly da Costa, que é especialista em educação especial inclusiva, psicopedagogia, letramento e formação de professores.

Segundo Kelly, o brinquedo da moda, assim como outros similares, “quando usados para que as crianças possam extravasar suas emoções, significa que estamos valorizando os sentimentos delas e, com isso, mostrando que o que elas sentem é muito relevante e tem significado para nós, que nos importamos com elas de fato”.

“Ferramenta” com uso sem restrição de idade

Com várias experiências na rede privada de ensino, a pedagoga Kelly da Costa destaca o uso do polvo como recurso inclusivo. “Na escola, principalmente na educação infantil, valorizamos cada momento e expressões manifestadas pelos alunos. Usamos vários recursos para tornar nosso ambiente o mais próximo possível das suas vivências extraescolares, pois sendo ele um ser humano dotado de sentimentos e emoções, não importando a sua faixa etária, se sentirá confortável para ‘experenciar’ novas realidades”, aponta.

Ela destaca que o polvo pode se tornar uma ferramenta a mais para trabalhar com as crianças com o Transtorno do Espectro Autista, que têm maior dificuldade em reconhecer as expressões faciais. “O polvo das emoções pode ajudar a explicar os sentimentos, podendo também tornar-se um forte aliado na superação de dificuldades relacionadas à falta de sensibilidade aos sinais sociais, alterações das pautas de relação expressiva não-verbal, falta de reciprocidade emocional, dificuldade para compreender intenções alheias e, especialmente, duplas intenções: dificuldade para interpretar enunciados não-literais ou com duplo sentido”, observa.

E se não há contraindicação, Kelly ressalta que não há restrição de idade quanto ao uso das pelúcias. “Os pais podem usar a pelúcia como um recurso motivador para trabalhar as emoções, principalmente nos primeiros anos de vida da criança, mostrando a partir deste brinquedo que todos temos sentimentos. Algumas vezes, por exemplo, não estamos bem, porque sentimos raiva e precisamos de alguns minutos para nos acalmar, ou quando estamos tristes, precisamos chorar. Vale ressaltar que, quando a criança vê em nós as emoções acontecendo, ela tem mais facilidade em entendê-las, e, com o brinquedo, consegue reconhecê-las e aprender a lidar com cada uma delas”, afirma.

DOL